terça-feira, 24 de julho de 2012

Tirem-me deste filme

Nunca foi pretensão minha ser fashionista, perceber de moda, ou até estar na moda. Em miúda as minhas tias chamavam-me "parola" porque eu optava por me vestir de um modo muito clássico. Este era, afinal, o modo de vestir da minha mãe, muito simples, e como o dinheiro não abundava, muito pelo contrário, as escolhas eram sempre seguras: a clássica camisola azul marinho, blusas brancas com golas bonitas (para a altura!), calças de ganga, numa palavra, enfadonhas.

Esta tendência no vestir tem-se mantido, e continuo pouco arrojada nas minhas escolhas. Sei o que me fica bem e não fujo muito disso. Se a Ivone nunca se comprometia com um simples vestido preto, também eu opto pelas camisas ou t-shirts brancas, calças de ganga, bejes, ou pretas, e uns casacos de malha beges ou azuis, nada nunca muito vistoso. Às vezes pego numa écharpe ou numas pulseiras coloridas para dar um bocadito de cor ao boneco e off I go à conquista do mundo.

Agora que me conheceis um bocadinho o gosto, talvez possais perceber-me melhor quando rogo que me tireis deste filme. Atentai a como vestiu uma piquena miss a progenitora da própria:

-- foto censurada --

Desenganai-vos, isto não é um clip promocional dos Toddlers & Tiaras, até porque um toddler é um pequeno ser com mais de um ano e esta baby tem pouco mais de dois meses. Confesso-vos não saber o que é pior. Se é a dita progenitora vestir a menina desta maneira tão... brilhante, se é ter o descaramento de postar a foto no feice. Senhor, dai-me coragem para aceitar o que não posso mudar...

domingo, 22 de julho de 2012

Barriguitas

(daqui)

Quando era miúda, havia uns bonecos pequeninos, acho que mediam cerca de um palmo, que pareciam bebés e se chamavam Barriguitas. Eram giros e, com mais ou menos cabelo, faziam as delícias da criançada. A Famosa continuou a fabricá-los, mas foi fazendo modificações que me fazem sentir velha ao pensar que "os de antigamente" é que eram bonitos (deixo-vos julgar mas desafio-vos desde já a discordardes). Estes, os tais de antigamente, eram uns piquenos bebés portáteis, tipo Nenucos em miniatura, e eram redondinhos e de barrigas gordinhas, como afinal se quer de um barriguita. Já os de hoje, porém, lembram-me experiências laboratoriais de combinações de adn de Barbies e Nancys, também elas tão desfeadas pelos tempos e por facelifts de vão de escada, com hobbits, elfos, e/ou duendes.

Be that as it may
, a divagação pelos barriguitas pouco tem a ver com o propósito deste texto. O propósito foi outro, e foi olhar com a ternura possível para a minha própria barriguita (que de "ita" tem muito pouco e se caracteriza bem melhor pelo sufixo "ona") e felicitar a nova membro do clube das ever so expanding barrigas, a Filipa. Que notícia boa, a tua!

Sou uma sucker por bebés, adoro-os, e só tenho pena de não adorar igualmente intensamente a gravidez (talvez a intensidade seja a mesma, mas apenas de sentido oposto). Como já fui aqui dizendo ou intuindo, detesto estar grávida, e para mim é somente um meio para atingir um fim, uma provação que no final tem a melhor das recompensas. Porém sou, também, uma sucker pelas outras grávidas, acho lindo, e apetece-me logo perguntar quando nasce, se é menino ou menina, se já tem nome... fico embevecida com a barriga alheia, a verdade é essa. Se por um lado detesto a minha condição e só quero que passe depressa (mas só no final de Setembro!), acho mágico quando as outras mulheres estão grávidas, go figure. E não, não é por querer mal às outras mulheres e dentro da minha cabeça haver um grilo a berrar "ora toma!", nada disso. Não sei... Querida Maria, serei normal?

P.S. Agora que tenho pelo menos uma leitora interessada nestas coisas da maternidade, sinto-me tentada a partilhar algumas das coisas que fui aprendendo ao longo do tempo. Sou um bocado descontraída nestas lides e detesto mandar demasiados palpites, mas por outro lado concordo sempre comigo e sei que tenho insights absolutamente espectaculares sobre o assunto. Seria portanto um desserviço à comunidade guardar só para mim tanta sabichonice...

P.S.2. A gerência pede desculpa pelos eventuais posts maternais, e atribui toda e qualquer responsabilidade à hormona da autora. A da esquerda, que a da direita foi a banhos e está algures em Ibiza a beber capirinhas atrás de caipirinhas.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

T - 7


Começou o countdown. O oficial, o que terá uma duração máxima de sete dias, porque o não oficial começou há muito. O countdown para quê, perguntais já curiosos. Para a ida de mamãe, mini-bolacha, e eu própria (plus biscoito) para o outro lado do charco, para aquela terra que nos receberá calorosa e solarenga e onde abundam cactos, coiotes e, como sabem os frequentadores mais antigos desta confeitaria, escorpiões.

Partimos do Porto para Lisboa às 11:45 da manhã, a.m., como por lá se indica, moços cujos relógios não contam até 24 e só fazem voltinhas de doze em doze. Chamam às nossas 24 horas military time, e ficam muito confusos quando se apercebem que nós combinamos um jantar para as nove da noite e não para as vinte e uma, os bacocos! De Lisboa rumamos a Boston, e duas horas mais tarde, se os tipos da imigração e da alfândega andarem ligeirinhos da perna, voaremos para Phoenix, onde, espero, nos aguardará um Monsieur Bolacha saudoso e de frigorífico cheio de coisas boas (pelo menos as que eu pedir na groceries list a enviar no dia anterior -- nota mental: fazer groceries list).

Por força das circunstâncias viajarei ainda mais à boleia do que costumo. Como caminhar me causa contracções, e nos aeroportos as viagens intercontinentais exigem passeatas longas pelos terminais, pedi aos senhores das companhias aéreas que me facultem um chauffeur (ou chauffeuse, sou uma equal opportunity kind of moça!) que me empurre uma cadeirinha com tracção às quatro rodas (se não houver com tracção, que seja limpinha e não ande aos solavancos, que o meu útero caprichoso não gosta dessas coisas). Serão dezoito horas entre aeroportos, mais duas se pensarmos entre casas.

Estou feliz por voltar e infeliz por partir. Como sempre, aliás, e como julgo ser comum a qualquer emigrante. Mas isso agora não importa nada. O que importa é que faltam sete dias. Seis se não incluirmos Quinta. Thursday, devo habituar-me.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

To, Too, Two

A sério, faz-me confusão quando os native speakers trocam os "to" (para) pelos "too" (também) ou pelos "two" (dois). A minha missão não é explicar, por isso se houver mais significados ou melhores, so be it, é só dizer que detesto, prontes.

Declaração Manifestação de amor, uma definição

Lembrei-me, a propósito do concerto dos The Cure e das muitas referências que lhe tenho visto no facebook dos amigos que assistiram, de uma manifestação de amor de Monsieur Bolacha (o gajo não é, infelizmente para mim, romântica até à medula, dado às declarações de amor de deixar uma moça siderada*).

Lembro-me que era fim-de-semana, acho que íamos passear, talvez ao jardim zoológico. A Lovesong começou a tocar e eu disse, como aliás digo sempre: "Mmmmmmmmmmmm, I love this song". Ao que ele respondeu: "I know, why do you think I put it louder?". É impossível não me sentir toda warm and fuzzy sempre que a ouço.

*Às vezes, quando estamos a ver um filme ou uma série e há uma cena particularmente delicodoce na qual um gajo diz coisas lindas a uma sua gaja, e eu lhe digo "You see, this what I wish you'd say to me", ele responde "Well, when we're inside a movie I will".

sábado, 14 de julho de 2012

Das piores coisas que disse a Monsieur Bolacha revisited

(o post original)


Via Mariana.

Orgulho de mãe, uma definição

A minha cria vai, nas Quartas-feiras possíveis, à natação. Vai com mamãe, que lhe oferece o porto seguro naquele meio tão estranho e molhado que é a piscina. Consola-se de fazer bolhinhas e fica particularmente feliz quando consegue apanhar os peixinhos, tão longínquos que implicam todo um manancial de competências novas para serem apanhados pelas suas mãozinhas rechonchudas, nomeadamente a tão temida cabeça debaixo de água.

Finda a aula, os miúdos normalmente deliciam-se com as doçuras que as mães e avós (às vezes há mais uma, a M., da carinhosamente apelidada pela minha filha Lulu) levam, entre bolachas Maria e línguas de gato. Nesta última Quarta-feira, foi a vez de um menino de três anos recentemente completos ser generoso e partilhar as suas bolachas. Deu uma à minha cria e ficou com quatro, mais bolacha, menos bolacha, para si. Já eram poucas, a extensão da partilha ficava por ali. Mas a Lulu, com os seus rubicundos e doces dezoito meses, também queria uma.

A mãe pedia ao menino que desse uma bolacha à Lulu, a avó da Lulu pedia, mamãe pedia. O puto, nada, comportamento que eu entendo porque, afinal, no amor e nas bolachas vale tudo. A minha filha, desenrascada que só ela, não esteve com meias medidas. Em vez de dar a sua própria bolacha à Lulu, foi ter com o menino, três meses mais velho, tirou-lhe uma bolacha da mão, e foi dá-la à amiguinha.

Talvez tivesse dado uma estória melhor se o rebento de Maria tivesse oferecido a sua própria bolacha, mas eu prefiro esta versão, na qual a criatura demonstra ser assertiva e ter um bom sentido de equidade contudo defendendo a sua bolacha -- és mesmo minha filha, doçura! Quando mamãe me contou, acho que o coração nem me cabia no peito.*

*Talvez por isso me sinta sempre tão enfartada apesar de comer manifestamente pouco.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sexta-feira treze

Mamãe foi arejar as tranças ao shopping center dos arrabaldes e volta para casa entristecida. Bem disposta e prazenteira, dispunha-se a excelsa senhora a adquirir um livro sobre o qual tinha lido uma crítica simpática e eis se não quando o abre, mais para observar o tamanho da letra e daí deduzir o conforto visual da leitura do que para outra coisa, e nota, com horror, que o livro vem já escrito  segundo as normas do (des)Acordo Ortográfico. Cabisbaixa, pousa-o na prateleira, e confessa à menina em voz sumida que ainda não é capaz.

Algum dia será o meu dia. Tenho medo. Tenho mesmo muito medo. E por isso agradeço, do fundinho do meu coração, aos autores portugueses que se recusam a ver as suas obras publicadas assim e se mantêm adeptos do português que eu aprendi na escola.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Dúvida perfeitamente legítima sobre os dez mandamentos (A saga dos nomes continua)


Se a memória e o oráculo do google não me enganam, um dos 10 mandamentos diz "não cobiçarás a mulher do próximo". Mas não diz nada sobre o marido da próxima, pois não? É que me apetece tanto rifar o meu e ter um daqueles que deixam a mulher escolher o nome da cria de ambos!

Qualquer dia venho aqui e, em vez de escrever sobre o creme hidratante que descobri ou os sapatos bonitos que comprei, anuncio que "senhora de 36 anos e filha e meio procura cavalheiro educado para relacionamento sério.".*

*Bolas, mas eu já sou uma senhora!?

Das piores coisas que já disse a Monsieur Bolacha

Look clássico americano, foto daqui

Foi há cerca de seis anos, acho que ainda vivíamos em Raleigh, na Carolina do Norte. Estávamos prestes a sair, o destino du jour era o mall, a missão comprar roupa decente ao moço para ir a entrevistas de emprego e genericamente promover o seu guarda-roupa de estudante de doutoramento pobre para job applicant (igualmente pobre mas com pretensão a mudar de status).

Estou já à porta à espera, algo ansiosa porque se há característica que não se aplica ao jovem é ser boa companhia nas compras, e aparece-me ele no seu habitual leisure style, calças de ganga e t-shirt, porém com um detalhe. Vem de sandálias Teva. E de meias de desporto brancas (ele jura que não, que é incapaz de semelhante fashion faux-pas, mas eu lembro-me bem do que vi). E então saiu-me... "I'm not going out with you until you change."

Amor incondicional my a##. Há coisas que mulher nenhuma devia ver.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Humor de grávida de menino

Há pouco, ao escrever um email ao (suposto) pai do meu filho, no qual lhe explicava ser desígnio divino que só tivesse filhas e que é por ironia do destino (e pelo seu cromossoma Y) esta alhada em que me encontro, lembrei-me de um comentário brejeiro e nada próprio que fiz quando descobri que íamos ter um menino (o pai do filho da Pólo Norte teve uma saída parecida mas muito mais elegante, e ela teve outra à altura, mas eles são gente claramente mais fina do que eu).

Gozava então Monsieur Bolacha dizendo: "Honey, I have a penis inside me. And it is not yours!".

domingo, 8 de julho de 2012

O peso de um nome (letra A)

Começou mais uma batalha Madame versus Monsieur Bolacha: há que escolher o nome do rapaz. Sendo Madame portuguesa dos quatro costados e Monsieur uma miscelânea rafeira de várias nacionalidades mas de cidadania americana e de sobrenome russo, a tarefa afigura-se difícil. Para complicar um pouco mais a demanda, são ambos teimosos. E Madame quer que o nome próprio seja português. É veemente nesta exigência. Acha justo. Adiante.

Aberta a lista de vocábulos admitidos e não admitidos como nomes próprios do Registo Civil, Maria depara-se com algumas pérolas. Como estas:
Aldo Dino (página 3)
Alpoim (página 4)
Amauri (página 5)
Amável ""
Amor ""
Anania (página 6)
Ariosto (página 8)
Armelim ""
Azul (página 10)

Até agora Maria propôs Max e Benjamim. Marido propôs Alek, Domminick, e Matteas (este último porque Maria sugeriu, há tempos, Mateus). Respondendo à provocação de seu legítimo marido de que tinha sugerido mais nomes do que a própria, Maria sugeriu Manuel e João (sabendo de antemão que este último é impraticável nos EUA). Resposta imediata do senhor: Manuel é nome de cortador de relva mexicano. Resposta de Maria: é nome de rei. Afinal, ele queria chamar Anastasia à nossa filha, nome de princesa russa.

Tenho inveja das mulheres cujos maridos as deixam escolher os nomes dos filhos. Como será a taxa de divórcio dessa gente?

sábado, 7 de julho de 2012

"Azeiteiro"! "Azeiteiro é você!"


Quando andava na licenciatura, tive uma disciplina que me fascinou como nenhuma outra: Comércio Internacional. Diz a minha amiga N., colega de Economia da Saúde, que é fácil a paixão por qualquer uma destas áreas. Talvez isto seja válido para todas as áreas em geral, afinal eu deliro com os temas de Economia Ambiental do Mr. Bolacha e acho interessantíssimos os estudos que o M. publica sobre o mercado de trabalho (C., também adoraria os teus artigos se conseguisse perceber pelo menos 1% do que escreves).

Quanto ao comércio propriamente dito, a minha paixão começou com o conceito de que Paul Samuelson, prémio Nobel da Econcomia em 1969, se lembrou como resposta ao desafio do matemático russo Stanislaw Ulam de lhe apresentar uma "proposition in all of the social sciences which is both true and non-trivial." Conta Samuelson que só anos mais tarde se lembrou da resposta correcta: o conceito de vantagem comparativa, dizendo "That it is logically true need not be argued before a mathematician; that is is not trivial is attested by the thousands of important and intelligent men who have never been able to grasp the doctrine for themselves or to believe it after it was explained to them."

E foi assim que todo um mundo se abriu diante de mim. A especialização dos indivíduos naquilo que fazem melhor e troca com os outros indivíduos que também se especializam naquilo que fazem melhor leva a uma melhor (mais eficiente) afectação de recursos e por conseguinte a ganhos para todos (ainda que não necessariamente igualmente distribuídos, coisa que comicha a muita gente). Lembro-me, a este propósito, da argumentação hilariante que o LAC me apresentou sobre a cargo de quem deveriam ficar as tarefas domésticas uma vez que as mulheres estavam melhor treinadas/adaptadas/whatever, eram melhores na sua execução. "Vai-te lixar" foi a única resposta possível (ou uma qualquer sua variante, quiçá mais peluda, não fora eu gaja do Norte com tendência para a boca suja).

Mais tarde e mais adiante na disciplina, aprendi que apesar dos argumentos liberais, países há que escolhem desvirtuar os fluxos de comércio através de barreiras. Há-as para todos os gostos e feitios, das mais às menos visíveis. Entre estas últimas, genericamente classificadas como "Barreiras Não Tarifárias", estão mecanismos que afectam o fluxo de comércio mas como se fosse quase "sem querer", uma vez que o objectivo da barreira é outro, o de proteger a saúde do consumidor, o combate à fraude, etc, sucedem-se as justificações.

Li há pouco, no dinheirovivo.pt, que o Brasil e Portugal assinaram um memorando de entendimento que elimina a exigência de testes de controlo do azeite português à entrada do Brasil. Estes controlos, que já são efectuados em Portugal antes da exportação, e que visavam garantir a qualidade do azeite, serviriam como entrave à entrada do produto, aumentando a burocracia e demorando as exportações. Esta seria, do ponto de vista dos exportadores, uma "agenda escondida com o rabo de fora: mais uma prova do proteccionismo industrial brasileiro". Naturalmente, se o preço do azeite português aumentasse, os consumidores brasileiros iriam preteri-lo em favor de outras marcas, quiçá nacionais. You gotta love trade, é sempre a conclusão a que chego.

Sabes que andas um bocado afastada da blogosfera e consequentemente dos teus blogs preferidos quando...

Aquando da leitura, te apetece comentar todo e qualquer post que lá está mesmo que não tenhas nada de interessante/espirituoso para dizer e te limites a escrever "Está espectacular! Merci!".

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Not all 4th of July are the same

Para a malta do google, que desde 2000 desenha doodles apropriados a esta data em particular, o de hoje é assim, representando a mensagem "This land was made for you and me," da música "This land is your land", de Woody Gurthrie.


Quando penso neste dia vem-me à cabeça o The Boss e o seu "Born in the USA", go figure, o que até se veio a revelar bastante apropriado: hoje vou à obstetra para ela me dar um não redondo sobre a questão da viagem para que o meu biscoito nasça lá do outro lado ou adie a decisão para mais perto do acontecimento (tenho viagem marcada para 26 de Julho).
Independentemente do que possa pensar, é inegável que um estrangeiro, por força da simpatia dos gringos e do reconhecimento natural que advém de tanto filme americano, ao chegar sente que, indeed, "this land is your land, this land is my land". Tal e qual como na canção:

Licença parental/Parental leave

Em Portugal, a licença parental inicial tem a duração de 120, 150, ou 180 dias consecutivos, acrescendo, no caso de nascimentos múltiplos, 30 dias por cada bebé adicional.
No que às mamãs diz respeito, a licença parental inicial, de gozo obrigatório, é de seis semanas consecutivas a seguir ao parto. A outra guilty party, os papás, também tem direito a uma licença parental inicial com a duração total de 20 dias úteis, dos quais 10 são de gozo obrigatório e devendo ser gozados nos 30 dias seguintes ao nascimento do rebento, sendo os primeiros cinco dias gozados de modo consecutivo imediatamente a seguir ao nascimento, e os restantes 10 de gozo facultativo (mais info aqui).
Basicamente é isto, a malta tem o "direito a" e normalmente usufrui. Se a mamã quiser ficar a lamber a cria, e o papá, espera-se, também, podem, e não são financeiramente castigados pela sua escolha. Já nos EUA, a parental leave é Ø, que é como diz inexistente, ausente, rien de rien, n'a pas, muito obrigada, venha o próximo.
Segundo o relatório "Failing its families", elaborado pela Human Rights Watch, uma organização norte-americana independente que se dedica à defesa e protecção dos direitos humanos, e que normalmente concentra as suas investigações no estrangeiro mas que desta vez decidiu introspectar, pelo menos 178 países têm leis nacionais que garantem uma licença parental às mães, conjunto este que não inclui países como os EUA, Swazilândia, e Papua Nova Guiné. Adianta ainda o relatório que mais de 50 países, incluindo a maior parte dos países ocidentais, também garante uma licença parental paga aos pais. Penso não ser necessário acrescentar que os EUA não fazem parte desta lista. De acordo com Janet Walsh, deputy director da Women's Right's Division da Human Rights Watch, "(d)espite its enthusiasm about `family values,' the U.S. is decades behind other countries in ensuring the well-being of working families". Concordado, vou mais longe e não consigo evitar aquele amargo de boca de quem tem de lá viver e encarar no dia a dia a dualidade do politicamente correcto, do faz o que eu digo mas não o que eu faço, do miserabilismo social, do atraso mental destas gentes. Outra cultura, esforço-me por interiorizar (argumento absurdo pois que são um melting pot de povos).
De qualquer modo, impele-me a verdade a dizer que há estados, por exemplo a California ou Washington em que há uma licença parental de seis semanas (todavia não paga a 100%). No caso das instituições públicas ou companhias privadas com 50 ou mais trabalhadores, o Family and Medical Leave Act de 1933 prevê que, sob certas condições, haja uma licença.
Enfim... Tudo isto para dizer que Mr. Bolacha tem direito a licença parental e não usa. Se o crianço nascer por terras lusas não virá.
Não se espantem, portanto, se me divorciar nos tempos mais próximos. Que canseira...

terça-feira, 3 de julho de 2012

O sexo e a gravidez

Uma amiga pergunta-me, algo timidamente, como tem Mr. Bolacha vivido o sexo durante a gravidez. Homens há que têm receio de magoar o bebé, e ela quer saber se ele joga nessa equipa.
Eu respondi-lhe: "Minha querida, o gajo está nos Estados Unidos, eu estou em Portugal, acho que a barriga não lhe faz muita diferença". O resto do comentário que fiz talvez tivesse (mais) piada, mas este blog tem a pretensão de ser sério.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

C is for Cookie Cucumber*


Oh nooooooooooooooo! Ao fim de 43 anos, o Monstro das Bolachas perde as ditas. Este mundo está perdido...
Na verdade, não é de hoje a adopção, pelo MB, de uma alimentação saudável, em prol das suas artérias (e quiçá motivado por um contrato mais chorudo com alguns lobbies agrícolas). Não percebo é por que é que hoje foi uma das notícias do jornal da tarde da SIC. Por outro lado, os anúncios da Depuralina andam ao rubro. Está decretado o começo oficial da silly season!

*No original "C is for Cookie (That's good enough for me! Oh Cookie, cookie, cookie starts with C!)". Versão pepino aqui.

domingo, 1 de julho de 2012

Lição de português


Não consegui resistir. Encontrei-o no Leite Condensado às Colheradas, que fui cuscar porque gostei do título. As gulodices falam-me ao ouvido, fazer o quê?

Pensamentos absurdos de uma grávida em repouso e com contracções constantes

Ocorreu-me isto às seis da manhã de hoje. Contracções violentas e dolorosas (mas que passaram ao fim de vinte minutos) forçaram-me a abandonar o aconchego do Morfeu e a enfrentar a realidade de ser uma grávida de 28 semanas (e um dia!) com contracções (apesar do descanso).
Ocorreu-me então que, com tanta ginástica nesta barriga, assim que chegar a Setembro (fingers crossed), vou ter os melhores abdominais da enfermaria.
Aprecio muito esta minha capacidade de nunca perder de vista as coisas realmente importantes.